Epstein disse em e-mail que Trump sabia de esquema de abusos sexuais e passou 'horas' com uma das vítimas
12/11/2025
(Foto: Reprodução) Donald Trump processa jornal por divulgar suposta carta a Jeffrey Epstein
Reprodução/TV Globo
Jeffrey Epstein alegou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "sabia" de suas condutas e que certa vez Trump "passou horas" em sua casa com uma vítima de abuso, segundo e-mails publicados por democratas do Congresso dos EUA nesta quarta-feira (12).
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Trump nega enfaticamente qualquer envolvimento ou conhecimento sobre a rede de tráfico sexual de Epstein. Ele afirmou que ele e o bilionário foram amigos no passado, mas romperam a relação há muitos anos.
Bilhete de Trump
Partido Democrata divulga suposta carta de Trump a Epstein com desenho de mulher nua
Reprodução
Outros documentos revelados pela Câmara incluem uma suposta carta enviada Trump a Epstein. O registro traz uma mensagem datilografada dentro da silhueta de uma mulher nua desenhada à mão.
A assinatura “Donald” aparece abaixo da cintura da figura. O texto termina com a frase: “Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.”
O conteúdo da carta havia sido revelado pela primeira vez em julho pelo jornal The Wall Street Journal, que reproduziu apenas o texto, sem mostrar o documento original. Na ocasião, Trump negou a autoria, entrou com um processo contra o jornal e pediu uma indenização de US$ 10 bilhões.
Leia, a seguir, a tradução da suposta carta:
Narrador: Deve haver mais na vida do que ter tudo.
Donald: Sim, existe, mas não vou te dizer o que é.
Jeffrey: Nem eu, já que também sei o que é.
Donald: Temos certas coisas em comum, Jeffrey.
Jeffrey: É verdade, pensando bem.
Donald: Enigmas nunca envelhecem, você já notou?
Jeffrey: Na verdade, isso ficou claro para mim da última vez que te vi.
Donald: Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.
Em julho, Trump negou ter escrito a carta ou desenhado uma mulher nua: "Nunca pintei um quadro na minha vida. Não desenho mulheres", disse. "Não é a minha linguagem. Não são as minhas palavras."
Nesta segunda-feira, logo após a divulgação da página com a suposta carta, o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, questionou a autenticidade do documento e disse que a assinatura apresentada é diferente da usada por Trump.
Logo após a divulgação do arquivo, o vice-chefe de Gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, questionou a autenticidade da carta e disse que a assinatura que aparece na correspondência é diferente da usada por Trump.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, classificou a carta como falsa e afirmou que "está muito claro que o presidente Trump não desenhou essa imagem e nem a assinou".
"A equipe jurídica do presidente continuará a levar adiante o processo [contra o Wall Street Journal] de forma agressiva", publicou.
Apesar das dúvidas levantadas pela Casa Branca, veículos da imprensa americana resgataram documentos da década de 1990 em que a assinatura de Trump aparece semelhante à que consta na suposta carta.
Epstein x Trump
Jeffrey Epstein tinha conexões com milionários, artistas e políticos influentes. Entre 2002 e 2005, ele foi acusado de aliciar dezenas de meninas menores de idade para encontros sexuais em suas mansões.
Em 2008, Epstein chegou a firmar um acordo com a Justiça para se declarar culpado. Em 2019, o caso voltou à tona, quando autoridades federais consideraram o acordo inválido e determinaram a prisão do bilionário por tráfico sexual.
O bilionário morreu na cadeia poucos dias depois de ser preso. Segundo as autoridades, ele tirou a própria vida.
Durante a campanha eleitoral de 2024, o então candidato Trump prometeu divulgar uma lista com os nomes de pessoas supostamente envolvidas no esquema de exploração sexual liderado por Epstein. Em fevereiro deste ano, alguns documentos chegaram a ser publicados pelo governo.
Em um desses arquivos, o nome de Trump aparece ao lado de outras pessoas em registros de voos ligados ao bilionário. É de conhecimento público que os dois foram próximos nos anos 1990. Trump, no entanto, não é investigado nesse caso.
Ainda em fevereiro, a procuradora-geral Pam Bondi chegou a insinuar que havia uma lista de clientes de Epstein sobre a mesa dela para ser revisada. Esse documento, no entanto, nunca foi divulgado.
Mais recentemente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que não existe nenhuma lista de clientes nos documentos relacionados à investigação. O próprio presidente Trump passou a afirmar que a tal documento é uma farsa.
A mudança de versão irritou a base de apoiadores do republicano. Muitos desses eleitores compartilham teorias da conspiração sobre o caso Epstein e exigem a divulgação completa das informações sobre a rede de exploração sexual.