Convenção do Clima da ONU, assinada por todos os países e pela União Europeia, nasceu na Rio 92

  • 06/11/2025
(Foto: Reprodução)
Amazônia vai abrigar líderes mundiais nas discussões sobre a defesa do meio ambiente O repórter Pedro Bassan viu Belém de um outro ponto de vista. Na cidade onde, nos próximos dias, vai ser decidido o futuro do planeta. E chegando de maneira mais tradicional, pela água. A estação das Docas: a área totalmente remodelada que, historicamente, era a porta de entrada da Amazônia. A ideia dessa COP é mergulhar os líderes mundiais na realidade amazônica. Lá, eles podem ver e sentir de perto a força dos rios, a grandeza das matas, a intensidade do clima de uma forma que talvez nenhuma outra sede da COP tenha sido capaz. Mas, afinal, o que é a COP? Vamos entender por que tantas pessoas estão indo a Belém e a importância dos assuntos que vão ser discutidos lá. Estrada, avenida, rua. Os rios são o endereço de quem conhece de perto as mudanças do clima. “O rio secando, como já secou. A mata também. Nós tiramos o sustento disso. Se acabar, como é que vai ser?”, pergunta a dona de casa Ivanilda Teles dos Santos. “No passado foi muito quente, nós não tivemos castanhas de qualidade, castanhas-do-pará. Elas deram, mas foram muito secas”, conta o comerciante Abel da Silva Nascimento. Uma COP é feita de números, metas e quantias. Mas a COP da Amazônia é feita, acima de tudo, de gente e natureza. Lá, os temas em negociação saem do papel e se tornam uma realidade diante dos olhos. Os povos do planeta se encontram às margens do Rio Guamá. É a COP. Sigla, em inglês, que significa Conferência das Partes. Mas partes do quê? O Brasil é parte importante para entender essa história. Trinta e três anos atrás, o mundo decidiu que estava em perigo. Na Rio 92 nasceu a Convenção do Clima da ONU, assinada por todos os países e pela União Europeia. Pela primeira vez houve um consenso oficial: a ação do ser humano estava aquecendo a Terra; o planeta precisava de uma reforma. Para resolver esse problema que ameaça nossa existência, os países, ou seja, as partes dessa convenção, se reúnem uma vez por ano na COP. A COP 1 foi em Berlim, em 1995. Um encontro por ano, pulando a pandemia, e chegamos à COP 30, em Belém. De uma certa forma, a COP pode ser considerada a maior reunião de condomínio do mundo. O condomínio é o próprio mundo. A Convenção do Clima é o estatuto do condomínio. Os moradores já definiram também o plano da obra: é o Acordo de Paris, aprovado na COP21. O custo dessa reforma precisa ser repartido de forma justa, e os apartamentos são muito diferentes. Ainda falta decidir quem paga e quanto paga. Para complicar ainda mais, o condomínio precisa tomar as decisões por unanimidade. Se um morador não concorda, a obra não anda. "Às vezes, é difícil até a gente, na nossa família mesmo, em uma reunião tomar uma decisão. Imagina quando a gente coloca 198 países na mesma sala”, diz Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. Os Estados Unidos moram na cobertura. É o país que historicamente mais danificou o condomínio. Mas não só não quer pagar a reforma, como saiu da reunião. O governo americano não vai para a COP. Perto do topo, um poluidor novo, quer dizer, um morador novo: a China. Atualmente é quem mais causa danos. Sozinha, é responsável por um quarto do problema. O bloco dos moradores antigos tem ainda os europeus. Alemanha, Reino Unido, França têm consciência do problema, dão palpites na reunião, mas na hora de pagar o boleto atrasam a obra. Nos andares de baixo, os moradores que vão desaparecer se o prédio não for reformado: Tuvalu, Maldivas e outras vítimas do aquecimento. No meio do prédio, todos os olhos voltados para o síndico do momento: “O Brasil tem um apartamento de classe média nesse condomínio, que também contribuiu bastante para o problema. É ali o 6º, 7º apartamento - ou país - que mais contribui para o problema, mas é um apartamento extremamente frágil”, afirma Márcio Astrini. Em uma assembleia com tantos interesses e opiniões diferentes, o Brasil já considera uma vitória se todos puderem conversar com calma. “Nós precisamos de coisas que sejam consideradas sucesso pelos países em desenvolvimento, pelos demais países, coisas que sejam consideradas sucesso pela sociedade civil, pela comunidade científica, ou seja, sucesso político também, essencialmente, com o fortalecimento do multilateralismo”, diz André Aranha Corrêa do Lago, presidente da COP30. Nesse condomínio de mais de 8 bilhões de moradores, talvez a solução esteja na sabedoria de quem mora bem longe dos prédios. À beira do Rio Guamá, o líder do povo Macuxi espera pelos líderes do mundo para conversar de igual para igual. Na foto do credenciamento, ele se recusou a tirar o cocar. “Me recusei porque não existe nenhuma legalidade que diz que eu não posso tirar foto com o cocar. Eu sou indígena, a minha cultura tem que ser respeitada”, diz Amarildo Macuxi, presidente do Conselho Indígena de Roraima. Manter a firmeza, sem nunca perder a vontade de ajudar. Talvez seja essa a maior lição que o povo Macuxi trouxe aos negociadores da COP. O futuro do planeta depende de reuniões tensas, longas, muitas vezes emperradas. Mas quem sabe, no momento mais difícil, a Amazônia surpreenda com um atalho, escondido no meio da floresta. Convenção do Clima da ONU, assinada por todos os países e pela União Europeia, nasceu na Rio 92 Reprodução/TV Globo LEIA TAMBÉM Na COP30, Lula cita 'interesses egoístas', critica negacionismo e diz que é hora de 'levar a sério' alertas da ciência Cúpula dos Líderes: discursos dão tom de como países abordam questões fundamentais da COP30 Noruega vai investir US$ 3 bilhões no fundo global de florestas proposto pelo Brasil A quatro dias da COP 30 em Belém, mais de 20 países ainda negociam hospedagem; 160 estão confirmados

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/jn-na-cop30/noticia/2025/11/06/convencao-do-clima-da-onu-assinada-por-todos-os-paises-e-pela-uniao-europeia-nasceu-na-rio-92.ghtml


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