Dois ônibus são incendiados em dia de megaoperação na Penha
03/12/2024
Seis pessoas foram baleadas. Dez pessoas foram presas. Linhas de ônibus pararam de circular, e escolas não abriram. Dois ônibus foram incendiados em Cordovil, na Zona Norte do Rio, no início da tarde desta terça-feira (3) enquanto a Polícia Civil realizava uma megaoperação no Complexo da Penha para prender chefes do tráfico.
Os veículos foram atravessados na Estrada do Quitungo e na Praça 13 de junho e usados como barricadas para desmobilizar o efetivo policial. Bombeiros do quartel da Penha e a Polícia Militar foram acionados.
As chamas atingiram a fiação das ruas, e o combustível vazou para a calçada, onde um carro estava estacionado. De acordo com a RioÔnibus, são 117 ônibus incendiados só este ano.
A operação na Penha é mais uma fase da Operação Torniquete, que combate o roubo de cargas e de veículos. Ônibus deixaram de circular, e escolas e postos de saúde não abriram. Veja em detalhes os impactos à população.
Chefes da facção eram procurados — entre eles, o traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca. Os policiais também tentavam prender criminosos foragidos do Pará e do Ceará escondidos na Penha.
Até a última atualização desta reportagem, havia registro de 10 presos e de 6 feridos, todos atendidos no Hospital Estadual Getúlio Vargas.
Ainda internados:
Ágatha Alves de Souza, de 22 anos, foi baleada na perna voltando do trabalho em um ponto de ônibus. Seu estado era grave;
Um homem não identificado.
Receberam alta:
Davyson Aquino da Silva, policial civil. Foi baleado no ombro.
Felipe Barcelos, 26 anos, ajudante de pedreiro, baleado na padaria tomando café
Manuel Rodrigues de Sousa, de 74 anos, estava numa fila para fazer fisioterapia e ficou na linha de tiro.
Tamires Silva Soares, de 32 anos. Grávida, foi atingida por estilhaços na boca.
Confronto logo cedo
Segundo moradores, os tiroteios começaram às 5h20. Traficantes atearam fogo a barricadas — até um carro foi incendiado.
A TV Globo apurou que uma equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da Polícia Civil, foi primeiro para o conjunto de favelas. Outros 200 agentes de 18 unidades foram mobilizados a partir da Cidade da Polícia.
“A ação integrada tem como objetivo cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra traficantes do Comando Vermelho (CV) responsáveis, entre outros crimes, por ordenar roubos de veículos e de cargas para financiar a ‘caixinha’ da organização criminosa, o que viabiliza a compra de armamento, munição e o pagamento de uma ‘mesada’ aos parentes de integrantes presos da facção e de lideranças do grupo”, explicou a Polícia Civil, em nota.
“Segundo as investigações, é do Complexo da Penha de onde partem as ordens para as disputas entre rivais em busca de expandir territórios.”
Moradores relataram terem visto pelo menos 5 blindados circulando pelas comunidades e um helicóptero sobrevoando o complexo. Por volta das 6h, policiais fecharam todos os acessos da Rua Uranos, uma das principais da Penha.
Também participavam da ação a Polícia Militar e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ).
Blindados da Polícia Civil no Complexo da Penha
Reprodução/TV Globo
Impactos
Transportes
O RioÔnibus informou que, devido à operação policial na região do Complexo da Penha, 8 linhas sofreram desvio de itinerário.
312: Olaria-Candelária
313: Grotão-Praça Tiradentes
621: Penha-Saens Peña
622: Penha-Saens Peña
623: Penha-Saens Peña
625: Olaria-Saens Peña
679: Grotão-Méier
721: Vila Cruzeiro-Cascadura
O BRT Transcarioca chegou a fechar 6 estações e a suspender 3 linhas, mas às 8h o serviço estava em normalização.
Educação
A Secretaria Municipal de Educação informou que 16 escolas da rede não abriram nesta terça. Já a Secretaria Estadual de Educação disse que 1 colégio fechou.
Saúde
A Clínica da Família Ana Maria Conceição dos Santos Correia, na Vila Kosmos, suspendeu o início do funcionamento e avaliava a possibilidade da abertura.
A Clínica da Família Zilda Arns, no Complexo do Alemão, mantinha o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.
Já a Clínica da Família Aloysio Augusto Novis, na Penha Circular, acionou o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, interrompeu o funcionamento.
Veja mais detalhes da operação:
Operação Torniquete leva dezenas de policiais à Penha