Linha 4-Amarela volta a operar normalmente após ViaQuatro consertar equipamento; peça ainda será trocada
15/09/2025
(Foto: Reprodução) Estação Vila Sônia, da Linha 4-Amarela
Divulgação/ViaQuatro
A Concessionária ViaQuatro informou que conseguiu restabelecer a operação em duas vias na Linha 4-Amarela nesta segunda-feira (15).
Segundo a empresa, quase uma semana depois do descarrilamento da semana passada, a linha opera normalmente em toda a sua extensão nesta segunda, com trens circulando em intervalos regulares entre as estações Vila Sônia e Luz.
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A ViaQuatro afirmou que, desde o fim da semana, equipes de engenharia e manutenção da concessionária, em conjunto com especialistas do sistema de sinalização (fornecedor), atuavam de forma intensiva para restabelecer integralmente a operação da linha.
“Após uma série de intervenções e testes, foi possível retomar a operação plena da linha com segurança e confiabilidade para os passageiros. Numa primeira avaliação, as equipes identificaram danos em componentes do sistema de sinalização, cuja programação interna é específica para cada trecho da via, sendo necessária sua substituição”, disse.
A concessionária afirmou, ainda, que durante os trabalhos, as equipes conseguiram recuperar a programação automatizada do trecho afetado, permitindo a reativação do sistema com desempenho dentro dos padrões de qualidade e segurança.
Na avalição da empresa, apesar do reparo, a solução encontrada pelas equipes técnicas da concessionária e do fornecedor tem condição de manter o pleno funcionamento das operações da Linha 4 – Amarela.
Apesar disso, a empresa ainda prevê a substituição dos componentes reparados por itens novos, prezando assim pela excelência do sistema.
“A concessionária segue acompanhando o processo de importação dos novos componentes, cuja chegada está prevista para o final da semana", disse a ViaQuatro.
Por que peças da Linha 4-Amarela do Metrô quebradas em descarrilamento vêm da França
Histórico do problema
Linha 4-Amarela continua com operação parcial pelo 3º dia após descarrilamento
O descarrilamento de um trem da Linha 4-Amarela, entre as estações Vila Sônia e São Paulo-Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, deixou parte da operação prejudicada desde terça-feira (9). Apesar do susto, ninguém se machucou fisicamente.
Quatro dias depois, a circulação continuava em via única, com velocidade reduzida e maior intervalo entre as viagens. A empresa informava que a retomada completa só deveria acontecer quando peças do sistema de sinalização, o CBTC — fabricadas sob encomenda na França — chegassem à capital paulista.
Segundo a concessionária ViaQuatro, que administra a linha, essas peças não ficam em estoque porque são produzidas e configuradas para cada trecho da via.
🔎 O que é CBTC? É o sistema de sinalização que conecta trens e centro de controle por rádio. Na Linha 4-Amarela, permite a operação sem maquinista, automatizando partidas, paradas e abertura das porta
Na Linha 4-Amarela, ele opera no nível máximo de automação, em que não há condutor na cabine. Todo o processo é automatizado: partida, parada e abertura das portas nas estações. Essa tecnologia é a base que viabiliza a operação de trens sem maquinista, reduzindo falhas humanas e garantindo maior regularidade na circulação.
O g1 explica abaixo os pontos principais do caso:
Trem da linha 4-amarela descarrilou em SP
TV Globo
O que aconteceu no descarrilamento?
Um dos trens se soltou da composição que circulava entre Vila Sônia e São Paulo-Morumbi e saiu dos trilhos. O sistema de sinalização detectou a falha e acionou automaticamente a parada do trem, evitando uma tragédia.
“Essa questão da segurança é muito importante porque quem parou esse trem foi o sistema de sinalização. Quando ele detectou que tinha alguma irregularidade, já deu o comando de parada. Isso foi super bom porque acabou não causando nenhuma vítima”, disse Antonio Marcio Barros Silva, diretor de operações da Via Quatro.
Por que as peças precisam vir da França?
O sistema de sinalização da Linha 4 é o CBTC (sigla em inglês para Controle de Trens Baseado em Comunicação). Ele funciona a partir de equipamentos espalhados por toda a extensão da linha, que se comunicam com antenas instaladas nos trens e com o centro de controle operacional.
Cada equipamento é fabricado e programado de acordo com as características específicas do trecho em que está instalado. Por isso, não é possível usar uma peça de outro ponto da linha como substituta.
Segundo a ViaQuatro, não há peças em estoque justamente por conta dessa personalização. Quando ocorre uma falha grave, é preciso solicitar diretamente ao fabricante internacional.
A ViaQuatro não informou qual é o nome da empresa, tampouco o prazo para as peças ficarem prontas e chegarem ao Brasil para os reparos começarem. Ou seja, não se sabe quando o problema será resolvido.
Dá para ter essas peças em estoque?
De acordo com o engenheiro Peter Alouche, que trabalhou por 35 anos no Metrô de São Paulo, a resposta é não.
“Não dá. Não é fabricação em série. Cada metrô automático, como Hong Kong, Paris e Lyon, tem seu projeto específico de sinalização. Não é coisa de prateleira”, afirmou ao g1.
Alouche explica que a Linha 4-Amarela utiliza o sistema CBTC e que, como alguns dos equipamentos que ficam instalados ao longo da via foram danificados com o descarrilamento, vai levar tempo para consertar.
“São componentes específicos que precisam ser refabricados para serem instalados. Vai levar tempo”, disse.
Qual a consequência da falta dessas peças?
Sem os equipamentos de sinalização, a operação plena e circulação normal dos trens é afetada, porque os trens não podem circular com controladores, somente de maneira automatizada.
“Sem esses equipamentos a ViaQuatro, que opera sem condutor, não tem possibilidade de operar no trecho danificado”, explica Alouche.
Por isso, a linha segue funcionando em via única e com intervalos maiores.